Na última segunda-feira (13), Cabo Verde fez história no futebol e se uniu ao seleto grupo de nações que garantiram uma vaga inédita na Copa do Mundo de 2026. A seleção africana se classificou para o seu primeiro Mundial ao vencer Essuatíni por 3 a 0, com gols de Livramento, Semedo e Stopira, tornando-se a 22ª qualificada para a competição.
Entre os protagonistas dessa conquista, a trajetória do zagueiro Roberto Lopes é tão improvável quanto inspiradora. Nascido e criado em Dublin, na Irlanda, o defensor de 33 anos jamais imaginou vestir as cores do país de origem de seu pai. Tudo mudou em 2019, quando o atleta recebeu uma mensagem no LinkedIn.
Lopes revelou à FIFA que havia criado seu perfil na rede social ainda na faculdade e raramente o acessava. Um dia, ele recebeu uma mensagem em português do então técnico de Cabo Verde, Rui Águas, mas, sem entender do que se tratava, simplesmente ignorou. Nove meses depois, Águas insistiu e enviou uma nova mensagem, mas em inglês. Por curiosidade, Roberto recorreu ao Google Tradutor e, enfim, descobriu que era um convite para defender a seleção cabo-verdiana.
“Desde pequeno nos ensinam a desconfiar de mensagens estranhas, então achei que fosse um spam. Eu deveria ter usado o Google Tradutor antes. Era algo que sempre quis e no qual adoraria estar envolvido. Tive a sorte de a oportunidade ter aparecido de novo, e, desde então, tem sido uma aventura incrível”, contou o zagueiro.
Zagueiro de Cabo Verde em conexão com suas raízes
Filho de um cabo-verdiano e de uma irlandesa, Roberto estreou pela seleção em seguida que aceitou o convite. O pai do jogador deixou Cabo Verde aos 16 anos para trabalhar em navios e, anos depois, se estabeleceu em Dublin. Assim, a convocação do filho reaproximou a família de suas origens.
“Depois da convocação, tentei conhecer melhor minhas raízes. Agora não paro mais de falar sobre isso. Foi especial também para o meu pai: ele fica orgulhoso quando as pessoas reconhecem de onde ele vem. Ele adora isso”, revelou Lopes, que defende o Shamrock Rovers, da primeira divisão da Irlanda.
“Meu avô ainda vive lá e tem uma fazenda, então o sentimento de orgulho é enorme. Conheci vários primos nos últimos anos e é muito emocionante. Cada vez que volto, me sinto mais cabo-verdiano”, destacou o zagueiro.
Além de Cabo Verde, outras quatro seleções africanas já estão dentro do Mundial de 2026: Argélia, Egito, Gana, Marrocos e Tunísia. A última rodada das Eliminatórias da África irá determinar os classificados finais e os times que disputarão as repescagens.