Uma provocação do presidente da Fórmula 1, Stefano Domenicali, sobre a duração das corridas não foi bem recebida, o que o fez se defender e explicar suas intenções. Ele afirmou que a declaração foi mais uma sugestão, e não uma pretensão, sobre a necessidade de se adaptar ao público moderno. A polêmica gerou críticas até do veterano piloto Fernando Alonso.

Domenicali esclareceu que nunca disse que precisavam reduzir a extensão das corridas, mas sim que a capacidade de atenção das pessoas hoje em dia é muito curta, o que exige que o esporte se torne mais atrativo: “Precisamos entender se o formato das corridas é o correto ou não. Poderia ser mais longo ou mais curto. Todas as ideias devem ser consideradas”, disse o italiano.

O presidente da F1 também ressaltou que, segundo pesquisas, os fãs vêm rejeitando o atual número de treinos livres, que é de três. Ademais, cresce entre o público a preferência por vídeos curtos com os destaques das corridas:

“Os promotores e os fãs querem ação. Nossas pesquisas mostram que a grande maioria do público quer que os pilotos lutem por um resultado. Para ser franco, eles estão cansados dos treinos livres. Esse é um fato objetivo que não podemos ignorar”, comentou o italiano.

Fernando Alonso se posicionou sobre debate

Quando questionado sobre a declaração de Domenicali, Fernando Alonso defendeu a manutenção do atual formato da F1. O veterano, que tem 44 anos e duas décadas de experiência na categoria, comparou a situação com o futebol, que também é longo e tem momentos de distração, mas ninguém fala em reduzir a duração dos jogos:

“Não acho que seja um problema do esporte, talvez não seja necessário mudar. É um problema da sociedade e das crianças, mas não do esporte”, afirmou o bicampeão. O novato da Mercedes, Andrea Kimi Antonelli, que é o piloto mais jovem do grid, com 19 anos, apoiou a opinião de Alonso:

“Pessoalmente acho os fins de semana de sprint divertidos porque têm muita atividade. Mas acho que corridas mais curtas não funcionariam muito bem; teriam que implementar muito mais regras para os pit stops. Com corridas mais longas você tem mais tempo para construir sua corrida”.

Stefano Domenicali sobre as corridas sprint

Domenicali, por sua vez, deu a entender que a intenção da F1 é estender o número de corridas sprint, que atualmente conta com seis em um total de 24 rodadas. O presidente se posicionou contra o excesso de tecniquês dos treinos livres e reforçou que o público quer ver “mais ação” na pista:

“A direção é clara: posso garantir que, em alguns anos, haverá demanda para que todos os fins de semana tenham o mesmo formato. Não estou dizendo que chegaremos ao ponto da MotoGP, que tem um sprint em todas as etapas. Até mesmo Max (Verstappen) com quem conversei pessoalmente, está começando a dizer que faz sentido”, revelou.

Curiosamente, o GP da Itália, que aconteceu dias após a fala de Domenicali, quebrou o recorde de corrida mais curta da história da F1. Vencido por Max Verstappen em uma hora e 13 minutos, a corrida superou o recorde anterior, que era de Michael Schumacher, com uma hora e 14 minutos, em 2003, no mesmo Autódromo de Monza.